15 de jul. de 2012

Do controle da fúria


Se eu pudesse utilizar uma gota de toda a fúria que aqui existe, eu certamente destruiria muitos mundos. "Síndrome de protagonismo", algumas criaturas diriam? Por que não? E realidade também. A realidade de uma existência em pura tempestade e ímpeto. Como um cavalo que não sofre o chicote e a galopada e para apenas quando morre, desta maneira é punção de morte: tentar viver. Eclodir. Explodir. Ser! Morrer depois de cada recaída para, das cinzas, bancar a tal ave temporariamente mortal e permitir-se voar - desequilibrado, no início, sim, talvez, mas voar. Porque quem tem asas, tem de voar; é a lógica da natureza. A águia tola e imbecil é aquela que não ousa se jogar do ninho após muito ter visto. E assim desperdiça o seu poder de ter pena, de possuir asas. Eu só preciso aprender a planar baixo, posto que, depois do voo, é igualmente necessário fincar as raízes exatas em local devido. Já que, do chão, é mais satisfatório e seguro admitir que a vida não passa de uma balança cujos pesos se chamam conveniência e interesse. Eu só preciso me conhecer e, por consequência, medir-me, com o intuito de que eu não destrua mundos só pelo mero e passageiro gozo do declínio alheio. Mesmo porque, se eu for o último entre céus e terras, se tão somente estas frias mãos restarem, quem mais poderá ser manipulado?

Mergulhão