24 de nov. de 2014

Pré-lápide ao falso niilista

Toda vez, eu, sozinho
no lusco-fusco da consciência,
jogado à janela dedilho fios de lembrança morta,
invisto tempo à perda lenta deste
através de poemas de amor de amigos
quase em coro coroando-me à coita
 sem o saberem, creio eu; ou quero 
e repenso em ti.

Materializo teu rosto pairado suave
a heretizar os dogmas da física do universo,
ao ascender a uma estrela já encarnada
a me olhar de esguelha sem brilho
com toda a carga do querer no viés do fim
desbotadamente intravenoso
como a não flor que brota de esgoto
nem ousa sequer tentar sonho à Lótus.

Portanto, eu, escoltado
pelos demônios da aurora da demência
apego-me sem prego em cruz,
travisto-me do passo futuro
manuscrito mui lustros-luz ponta a ponta de meu destino
e em drama hedonista eu clamo Tânato a Leto
e em trama egoísta eu dou insumo ao caos
porque repenso em ti

porque te atesto além da gravidade
do desrespeitar das leis do coração do homem
tal qual potestade que brinca com excesso de fé na beleza
de quando a gente era pleno e somente nós
ao que eu (antes tolo: nem pronome errava)
me lanço cínico ao canto cinéreo do ciclo vazio,
me sinto insensível ao soro dessa dor tão clínica,
me odeio por ainda assim te amar de soslaio.


Mergulhão