17 de ago. de 2015

Ei, machista,

eu tenho esposa. Não preciso do teu pau
e não por falta do teu pau eu a tenho:
por presença de amor.
Ainda que eu fosse dona de casa, machista,
primeiramente seria porque sim;
seria por efeito dos trabalhos que exerço;
propriedade minha
como o corpo que tatuo,
como as calças que costuro,
como a cabeça que raspo,
como o aborto que sugiro.
Passou o tempo, machista,
de teu estupro doer mais que o gozar de meus direitos.
Tu queres ter vislumbre do retrato que te afronta?
Olha à volta! Sou o povo
em preto e branco e colorido
que dentro de um mesmo eu
é homo, pluri, é inter, pan,
é mulher, trans, é homem, sapiens;
filho da puta mãe gentil que acolhe mesmo sem parir.
Guarda o que eu falo, São Machista:
vem com ódio e faço amor sem cartilha ou divisão,
sem calcinha, com a mão
e a certeza de gritar ao mundo inteiro “hoje eu venci”.


Mergulhão

Nenhum comentário:

Postar um comentário

– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?