29 de set. de 2015

Sacrofício

Ele odeia acordar cedo. Ter de trabalhar. Abriu os olhos. Deitado, espreguiçou-se. Fumou. Bateu punheta. Gozou na barriga. Afastou a perna direita da puta que estava em cima da sua esquerda. Levantou-se. No banheiro, selecionou louvores populares para tocar repetidamente no celular. Cagou. Escovou os dentes sob chuveiro. Voltou ao quarto. Vestiu-se. Mirou-se no espelho do porta do armário. Seu reflexo lhe devolveu olhar de nojo. Apertou o nó da gravata slim fit que devia ser amarelo ouro porque era Páscoa. Ele viu seu reflexo andar até a puta, bolinar seu grelo, cheirar os dedos, encaminhar-se à porta do cenário-imagem refletido no espelho e sair do aposento. Ele permaneceu ali por três horas até seu reflexo retornar lá do fundo, parar diante dele e afrouxar o nó à garganta. Ele afastou-se do espelho. Despiu-se. Deitou-se. Acordará domingo próximo para repetir os mandamentos junto às ovelhas.


del Praga

Nenhum comentário:

Postar um comentário

– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?