Não
se pede perdão por desamar.
Coração
é mesmo enchente em desvario
como
rio deságua após levar barragem
que
nem se dá Caronte pois remar contrário.
Não
peças perdão por não me amar;
sequer
o fiz por ter por ti aguado em delírio.
Se
não rio, foi por deixar lavar a margem
interna
de meu peito a teimar adversário
ser
à maré tua.
Do
leito eu era superfície e tu, a Lua.
Eu,
lodo e imundície; tu, de reis, falua.
Eras
tu de espécie que flutua;
que
se espera que vicie; inalcançável légua;
algo
que se noticie; rara verde-água pedra da lua,
o
que Deus providencie; ponto com que se conclua
o
que homem renuncie.
Faz
teu deságue,
fluido
amor.
Sê
a vazante que me naufrague
e
este corpo em ondas sem remo nem rima (de)compor.
Mergulhão