26 de out. de 2012

histeria

de minha janela, olho pessoas de vidro
testemunho o brilho de uma estrela morta
debruçado na vontade do não ser
permito ao café esfriar
a nicotina me consome, passivo, eu, de ti
sempre fui mesmo
de pôr dor em pedestal
e quando enfim leio que de fato
só você preenche as lacunas de meu corpo
suas asas em meus braços
sua língua a me ensinar novo código
meu prazer em ti introduzido
suor lubrificante
eis meu instante de histeria
então paredes adormecem minha fúria
e se pintam de meu fluido tinto suave
que escorre de um rubro coração rude
que se esvai vermelho fogo fátuo afora
dispo a alma que já me era nua
e me enterro em querer-saturnino de ter plurais luas
onde ao menos numa reinar eu possa
ainda que diminuto príncipe absoluto
caído obediente tão somente ao desejo de nos ter

Mergulhão

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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?