1 de nov. de 2012

Reste apenas

Quando tua fina pele sentir o frio do toque alheio
e o calor de outrem não mais te for combustível,
eu já terei colhido lírios para tua lápide futura
e assimilado a nota da lira, a mais afável,
em resposta à humana morte que enfim te sobreveio.

De mim, não cairá lágrima; só cinza inoxidável
ao corpo que me entrelaçava e os olhos fulgurara,
pois tanto secou que queimou como tórrido sol em joio.
Perdi, de ti, certeza de que me eras gema rara:
fez-se fuligem do brilho de uma aura inconfundível,

descadenciou-se o som de dois corações em loucura,
aleijou-se sonho livre à la pássaro em veraneio.
Hoje o amor, eu sei, “amor”, é fato, de todo, incrível,
posto caber ao tolo dar cabo ao fim e matar o meio
asfixiando a vida que em suspiros se iniciara.

Mergulhão

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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?