(ou Poeta, o finge-dor)
(ou
Puta do escrever)
Não
sei se creio em poetas, os finge-dores.
Fernando
estava certo: essas pessoas dissimulam.
Vendem
eus como quem transplanta amor
e
de vis torres empurram Ismálias
e
não permitem acordar passarinhos
e
bulinam coisa linda mais cheia de graça
e,
loucos, cantam só porque o instante existe
e
a bucólicos Dirceus agenciam mil Marílias.
E
quando algum ludibriado pede satisfação
pela
pena que por vez aqui agride ou acolá,
eis
que dizem:
— Não sou eu! Foi eu-lírico!
— Cobra do eu-bíblico heresia
anunciada.
Por
isso não me dou a tal gentalha;
são
homens de palavras mesmo não as tendo;
quase
puta diplomada, uma rameira do escrever.
Mas
réu confesso como eu transborda masoquismo
e
da cegueira faz-se o renascimento da luz:
sou
igual, camaleão;
de
sangue-tinta, sou irmão;
brinco
de tempo e senhor de vidas;
faço
carne do verbo-mor que no princípio barro era;
semideus
perfeito mesmo usa mesmo é muitas linhas.
Convenhamos,
papiro hoje cai melhor disfarce.
Então
sou lírico Ouroboros:
produzo,
pois, prosas e rimas
querendo
outros enganar;
respiro,
pois, Joões/Marias,
teimando,
sim, tudo inspirar.
Mergulhão
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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?