1 de nov. de 2012

Vidas que se matam

Mais que corações despedaçados: vidas completamente arruinadas
por um simples deslize um tanto proposital, como vingança,
revés de algo que supostamente marcado por traição ficou.
Agora ambos sofrem a falta de entrega e respeito mútuos.
Porque nenhum deles sabia até onde este ponto podia chegar.
Porque nenhum deles queria, de fato, matar deste modo o amor.
Significaria irreversível dano, verdadeiro abandono de espírito.

No entanto, em sofrimentos os dois lá pereciam, desamparados,
indignos sequer de pena ou sacra compaixão, de compreensão.
Jogados ao acaso, como insignificante coisa que se esquece,
depois do espelho quebrado e gotas de sangue em chão e paredes.
Tudo agora não passa de incertezas; o futuro, imaturos reflexos
de infantilidades nada inconscientes da destruição causada.
Resultado do que acontece quando não se sabe ter a essência do existir.

Mais que corpos desunidos: o interromper da complementação.
Almas ditas gêmeas nunca mais lado a lado poderão andar.
Elo definitivamente partido; consequências de momentos sem controle,
prova real e concreta do ultrapassar dos limites da ira humana.
Soma-se à fúria ignorante atitude de criatura abissalmente tola,
que assim revela nada saber à respeito daquilo que move
cada ser vivente: a esperança de não ser inteiramente tomado pela solidão.

No entanto, afogados em seus tormentos os dois lá jaziam.
Esperando, desejando somente serem tragados pelo vazio da tristeza,
morto sentimento criado pela fragilidade de seu pútrido orgulho,
quem realmente os levou ao existente caos escondido sob a forma dos medos seus.
Acabaram assim ambos com a tão necessária razão do viver.
Corpos assassinos, mentes egocêntricas de almas suicidas.
Mais que separação: vidas que se matam.

Mergulhão

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