21 de nov. de 2012

Cacos somos

Meus eus não são sãos.
Sou caco e de cacos vivo:
caco teu e caco meu
ao léu.
E quando penso em ti não sangro.
Gangreno.
Sou feno de faísca tua
e tu nos pões ainda em tenra chama?
Então queima,
flama insana,
queima.
Dá-me o lume, não me atira à lama;
deixa eterna labareda em nós.
Vim do grão por onde teu véu passa,
da areia em que se tece o vidro,
vidro frio que ao beijar teu chão
faz-se nuvem de pó diamantino
dos amantes que um dia fomos
e hoje apenas uns mil cacos somos.


Mergulhão

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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?