28 de nov. de 2012

Roubando

eu roubo a Lua Cheia e a ponho
na ponta de sua orelha
roubo depois a Minguante e dela faço o seu sorrir
eu roubo a nota aguda da goela do canário
o bocejo grave da garganta do cachorro
e os coloco pairando no ar que também roubo
eu roubo os acentos de solitario e so
para que percam a vida e tragam de volta a minha
e também roubo a pontuação no fim de cada linha
eu roubo os hematomas de um coração partido
a sorte do trevo e a insustentável leveza do ouro
eu roubo o conselho do novo sábio amigo
eu roubo a gota de uma nuvem chorosa
as estrelas da bandeira e de um céu limpo
roubo um raio do sol dourado em filete
eu roubo um quadro em branco e pena e pergaminho
a vontade de dar vida por mil dedos
e assim ter mais coisas para roubar
então eu roubo você de mim
e te ensino a fazer o mesmo para que possamos
continuar o eterno ciclo de roubos e roubos

Mergulhão

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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?