Eu creio, sim, no amor;
mesmo sem definição,
mesmo não definitivo.
Por mais que seja torpor
de todo tolo coração,
é sentimento primitivo
que abençoa em furor,
pena e sofreguidão
quem lhe tem por instintivo
e reconcilia dor,
encerra à imensidão
e torna enfim cativo
cada ingênuo sonhador
que a ele se permite.
Amar só é tolerância;
não é cela platônica.
É poder saber que sente,
pois, vencida a paciência,
vê-se quão doce fica
sadiamente doente
e em consciente demência
preso a quem se dedica.
Pois ao fim do alheio errante
(dos juntos sem coerência)
ao meu amor se dedica
quem um dia me foi distante.
Mergulhão
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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?