Livro de Meu Eu (ou M’Eu
evangelho). Capítulo 2: A paixão de Meu Eu. 1 O amor é uma força
fundamental. 2 Quando dois corpos de fato colidem, independente das
cargas da vida, 3 há interação que transforma o real querer-se em
mais vida. 4 Uma vez (mal) criado, Meu Eu não tem forma e, por isso,
aspira o amar. 5 Meu Eu compreende ser necessário provar do banquete
que é amar. 6 Assim – voraz, tolo e virgem –, 7 come Eros
aos nacos e saboreia porções de Psiquê, 8 com Ludus e Ágape nutre a faminta
e maníaca limerância. 9 Meu Eu faz-se presente quando ama, 10
pois aquele que não ama só merece adeus. 11 Por temer adeus, Meu Eu saúda
amor todo dia, 12 amando como se aquele instante existente
persistisse em ser eterno. 13 Meu Eu aprende que o amor em verdade consome
quem teima tê-lo: 14 o amor bolina; 15 o amor perfura; 16
o amor agride; 17 o amor espanca; 18 o amor bocage; 19
o amor byron; 20 o amor shelley; 21 o amor goethe; 22
o amor schiller; 23 o amor zorrilla; 24 o amor chopin; 25
o amor tchaikovsky; 26 o amor garrett; 27 o amor
castelo-branco; 28 o amor de-passos; 29 o amor calasans; 30
o amor de-azevedo; 31 o amor de-abreu; 32 o amor de-alencar;
33 o amor manuel-de-almeida; 34 o amor drummond; 35
o amor vinícius; 36 para, após ímpeto e tempestade, lançar,
depressão abaixo, o espírito inebriado. 37 Então o amor falha. 38
Sim, o amor falha. 39 O amor sempre falha por não saber estar paixão.
40 Paixão é antimatéria; 41 desafia a razão do
átimo-viver e toda a existência consome. 42 Paixão tem de ser em
gota 43 para não – matéria escura – enganar olhos na penumbra. 44
Ser paixão, pois, é suicidar; 45 pois estar paixão é comprometer-se
depois. 46 Paixão é força motriz do ejacular do amor. 47 Paixão
é combustível à labareda de quem ama. 48 De onde se emana calor. 49
E refaz-se a luz.
Mergulhão
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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?