A:
– Olha o amor! Olha o amor! Vai levar amor, senhora?
B:
– Intocado?
A:
– Pouco manuseio.
B:
– Embalado?
A:
– Por serenatas.
C:
– Ih, vizinha. Eu tive um que se cansou disso fácil.
B:
– Pois é. Meu último morreu de diabetes.
A:
– Esse daqui é a prova de males.
C:
– Balela, vizinha.
B:
– Não; obrigada.
A:
– Olha o amor! Quem vai querer?
D:
– Ainda na caixa?
A:
– Torácica.
D:
– Mas esse tá frio.
A:
– À noite pulsa.
D:
– Como?
A:
– Depende do TOC.
D:
– Hum. Sei se quero, não.
A:
– E quem não quer, não é verdade? Olha o amor!
E:
– Olha, Carlos...
F:
– Que é isso aí?
A:
– Amor, senhor! Levem! Dois perfazem um. E, com mais amor, três.
E:
– É sério...?
A:
– E com sorte ali da outra banca, gêmeos.
E:
– Leva, Carlos... Faz tempo que a gente não comp...
F:
– Que porra de levar! Tu entoca tanto dessas porra lá e depois não dá conta.
A:
– Amor! Amor! Olha o amor!
G:
– Olha, amor.
A:
– Experimentem, meus jovens.
H:
– Tem na versão gay?
A:
– É amor, não há versão. Levem.
H:
– Obrigado. Já temos; era só pra constar!
A:
– Nenhum amigo precisando?
G:
– Verdade, amor. Vamos levar pro Edir. Coitado.
H:
– E pro Jair e pro Silas. Marco também, né?
G:
– É. Mas cabe neles?
A:
– Polissex. Entrando pela cabeça, cabe.
H:
– Me veja quatro. Quanto é?
A:
– Nada, jovem. Amor não tem preço.
H:
– Mas você não vende amor?
A:
– Vender? Não! Não vendo. Desvendo. Uma vez desvendado, ama-se.
G:
– Tá vendo, amor?! Ainda existe!
H:
– Então me dê mai...
(Sirene.)
A:
– Toma, moço, leva logo!
H:
– Mas o que é isso?!
A:
– É a batida, moço! O rabecão! Ele baculeja e quebra tudo! Vão logo!
(Pararam na banca da sorte e assistiram ilesos ao
desvendedor atirar amor contra seus agressores vendados.)
Mergulhão