12 de ago. de 2013

Obituário

Foi uma vez o poeta
se pôr à torre a contar.
Quis o Cruzeiro do Sul
e vagar onda além-mar.

Pintou tristezas de âmbar,
deu a olhos cor-de-mel;
sempre com espírito alerta,
rasgou de santos o véu.

Aos corações foi afável:
amou de Jorge a Roberta.
Ao povo fez-se o ecoar
qu’alma a sofrer necessita.

É com desmedido pesar no presente momento que comunico a Vossa Senhoria que o supracitado poeta hoje não mais canta porque o instante a ele agora inexiste por conta do grave acidente interno que lhe sobreveio durante a demais pacata madrugada do último vinte e nove do corrente ano de Nosso Senhor: ocorre que o indivíduo perdeu-se em um beco de páginas em branco sem luz e se pôs a correr em busca de inspiração até bater a cabeça em um tinteiro-tonel sem nanquim e a partir de então padece de tamanho bloqueio que infelizmente lhe impede de concluir o

Mergulhão

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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?