(para Rod, inestimável irmão
das letras)
senhor dos vales sombrios, das florestas escuras repletas de monstros, daqueles quadros insanos cobertos de cores sonoras que exalam gritos gelados, observe as nuances refletidas nas pedras de quartzo cristalino e transparente. senhor das quimeras envolventes, esqueça das formas achatadas e beije as folhinhas que caem dos salgueiros chorões, finja que beijará as flores vaginais das virgens senhoras da corte profanada pelos homens erectus entumecidos pela dureza singela do teu aço.
caro mergulhão dos versos
brutais e ruidosos, peixinho amargurado que caiu num aquário chamado docemente
de realidade, observe essas lascas do passado e encontre-se no futuro
suspirante com a memória de prosélitos alucinados. amado senhor das metáforas
curvilíneas, amante dos bardos e paridor de poéticos versos desmoralizados que
moralizam a alma dos vulgares normalizadores da imoral poesia ilusória e
cúmplices das doenças da social hipocrisia humana. observa o meu louvor alado e
desmascara o verso pobre desses loucos senhores despudorados.
observe as lascas dos
cristais escuros. observe as lágrimas dos mortais homo-neandertalicus da
contemporânea sociedade esquecida no tempo da virilidade opressora que não
deseja evoluir na lavoura das frutinhas envenenadoras da imagem aparente. observa
bem o tamanho dessas tuas escamas, peixe doce de voz serena e pensamento
singular. observa bem o tamanho das espinhas que comem os lunáticos homens do
amanhã divino.
observa a tua nadadeira e
diz sem tirar nem por o gosto da água salgada que cospem em tua face quando
observam a tua angular verdade. diz-me a sorrir as cores dessas belas escamas
que te recobrem o corpo nu. diz entre sonoras gargalhadas as cores da tua alma
e o tamanho da tua alegria, amado amigo das letrinhas disformes que caem sem nexo
no chão de concreto que os demasiado humanos cobrem de asfalto e excrementos
verbais.
Lucy
Nantes
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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?