18 de jun. de 2012

Super lixo

Pediram pra eu criar um blog. Tive uns 10. Todos cancelados por falta de paciência na continuidade ou por percepção de falta de motivo. Então agora vou deixar este por aqui, para que sirva não de depósito, mas de rodovia de letras. E por que rodovia? Porque creio ser útil sustentar tentativas de livre trânsito de produções textuais entre muitos e alheios olhos e mentes leitores.


Começo com um texto que me foi expurgado. Um furúnculo cheio de pus espremido por unhas ávidas. Não gosto de poetinhas de rima tola. Nem rotulação aprecio. Mas se se tem de brincar de poeta, que se frequente o playground devido. Texto:


Super lixo

Eu quero algo mais que radicais superficiais
meramente esporrados porque assim é fácil.
Facilidade é comodismo de covarde
que pega a pena e rabisca sem nexo.
Obviamente até para se doar à loucura
é necessário ser conexo.
Mas eu falo do criar-pincel na mão duma criança
que trabalha desenhando louca seu espaço
 sideral ou materno ou tanto faz,
desde que CRIE; não COPIE sadiamente.
Porque é melhor ser insano e produzir
a ter de repetir sem sacrificar um braço seu.
E por que melhor é não ser são?
Porque é ISSO, aprenda, é ISSO, meu caro, que apedreja
a face plástica do perfeitinho que à primeira chuva encrespa.
Pare de ser fútil e super lixo
já que novo enjoo se extrai a cada novo sol a cada novo leste.
Quer ser verso?
Que seja livre,
que seja camoniano,
que seja branco;
seja a porra que você puder.
Mas seja.
Que seja infinitivo apenas, mas que não seja finito.
Que rime coração com dor.
Mas rime, porra! E não!
Já basta esse brincar de não fazer nada.
Não aprendeste na escola o carpe diem?
Não?
Então cuidado, pois consequência ao mal uso desse clichê é lixo.
Super lixo.
És poeta? Honra teus dedos,
teu papiro,
teu nanquim.
Honra teu consumidor
que recebe o rótulo leitor não por acaso.
Cresça.
Achou chulo?
Ora, vai à merda; afinal, é adubo também.
Quem sabe assim tu não consigas algo mais que radicais
de esporro estéril, cômodo e fácil.


Mergulhão

2 comentários:

– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?