23 de jan. de 2014

(In)visibiliumanidade

A invisibilidade do Homem é uma bandeira
que não tremula porque de sopro não necessita;
basta fôlego em pulmões dispostos a só correr.
Flâmula que por holofotes não se enverga
como mariposa tola em candeeiro de varanda;
resta a luz dos astros sob o firmamento-registro
e testemunho de memória-infinito em expansão.
Estandarte que é o maior de todos na ideologia,
mesmo que mero elétron a estatísticas de Estado.
Ainda assim bandeira em puro linho e nobre seda;
eia!, compromisso e fé os quais motivam pavilhão!
Feliz da humanidade que agradeça não saber
onde se fundamentam lábaros nunca visíveis.
E para todos os outros tantos felizmentes,
a essência do invisível é assim permanecer.
Pois antes do ser gay ou não-gay se descobrir,
antes do ser negro ou em tons descolorir,
antes do ser filho por criar ou do parir,
antes do ter Cristo ou em deuses investir,
antes de vaginas e buracos consumir,
antes do estar rico ou por dinheiro ferir
― plenitude só reside em simplesmente humano ser.
Porque a visibilidade do homem é corriqueira.
Opaca; no máximo forçado, translúcida.
Pois os homens têm a alma como olhos de ciganas
errantes, insatisfeitas, oblíquas, dissimuladas.
Isso quando admitem-se, claro, que a possuem.
O homem visível é ator doado ao social
pois assim nunca se morre já que é assim que mata;
sem perceber que suicida então, também, por fim,
se não por estrelato, por hiperatividade
de cegueira voluntária por ter visibilidade.

De Mergulhão,
para Menezes e Paraense.

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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?