4 de abr. de 2013

Mira-anhangá

O ventre da Mãe Terra perde onça, morre cobra,
choram amapazeiros, descolorem arapurus,
do solo ferido seiva bruta escorre pura.
São lanças kawira de fogo destruidor.
Então correm pela mata olhos em brasa de uma alma:
Anhangá faz guarda, pois da vida é protetor.
Segue a nota do meu pranto, ó espírito tupi!
Toró de taquara, boré, mimbi, uaí!
Bruxuleia nessas margens, ó veloz assombração!
Amazônia clama em canto o verde sangue sobre o chão.
Protege do meu rio pirarucu e jurará,
Anhangá! Anhangá! Anhangá! Anhangá!
Vinde como ave, tatu, suaçu, tapira,
Anhangá! Anhangá! Mira-anhangá!
Corre, branca sombra, dos mortos fantasma errante.
Caça pescador com teu silvo tão penetrante.
Assombra caçador do vale dos Munduruku.
Conduz ao Rio das Almas, mortal Anhangabaú!
Anhangabaú! Anhangabaú! Anhangabaú!
Cruza pelas matas, assobia pra salvar,
Anhangá! Anhangá! Anhangá! Anhangá!
Vinde como ave, tatu, suaçu, tapira,
Anhangá! Anhangá! Mira-anhangá!

Mergulhão

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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?