23 de dez. de 2013

Grão de amor

Eu sou um grão de mostarda.
Há muito procuro um amor que caiba em mim.
Todos com os quais colido são enormes.
Soberbos porque sobram.
Oceanamente cheios de si sem dó.
Escorrem pelos cantos de meu mudo coração redondo.
Poucos gostam de mostarda.
Insensíveis que não se permitem o queimar da língua.
Quando Cupido acerta, a seta transpassa.
Perfura o corpo sem flechar a alma.
Então dizem que amam sem querer se germinar.
Eu sou um grão de mostarda.
Prefiro ser pequeno a estar orbe grande oco.
Semeio amor devagarinho pra que dure outra estação.
Por que vaso gigantesco se o amor floresce em gotas?

Mergulhão

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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?