17 de dez. de 2013

O episódio do sumiço poético

Não! Por quê, Deus meu?!
Por que ocorre somente comigo...
Contarei a você (que não sou eu),
você a ler deste outro lado, amigo.

Começo por meu nascimento
que tanto me dá alegria:
cheguei a este mundo torto e imperfeito
no exato dia da poesia.

Desde então pus-me a sentir
a essência das palavras
e a linguagem definir
como vida em íntimas letras.

Cálculos não eram a mim,
logo, descobri-me amar.
Quem? Ora quem?! Poesia, sim!
E a história prossigo a contar.

Depois de nos conhecermos,
vivemos mil contos bonitos.
Tempos irrelevantes passamos
neste romance-destino já escrito.

Sentimento mais que profundo,
foi a perfeita união.
Pois a cada hora e segundo
surgia complementação.

Juntos tivemos poemas,
semântica humana e divina.
Fizemos odes, elegias, rimas,
o que a inferência domina.

Porém, eis que acontece,
cruel e inexplicavelmente:
a mutualidade esmaece
não se sabe mais o que sente.

Oh, leitor amigo, e agora...
Minha Poesia sumiu!
Não sei se largou-me, foi embora
ou perdeu-se, fugiu...

Não sei o que fiz para isto,
se a magoei sem sentir.
Só sei que a ela eu existo
e seria incapaz de a ferir.

O fato é que o fato se deu.
Nem uma sílaba ela deixou.
Meu ínterim todo sofreu
e a graça em viver se apagou.

Volte, Poesia! Eu imploro!
Dê-me seu amor e socorro.
Pois junto a lápis e folhas eu choro,
sozinho, por dentro, aos poucos, eu morro...

Mergulhão

Um comentário:

  1. Me apaixonei.... Qro conhecer esse eu-lírico e ter horas de conversas....

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– – – – – – – – – – – – – – – – – – o que viu nessa estrada?